quinta-feira, 27 de setembro de 2012

"Breu | Não é Apenas Uma Resina"

Prezados, 


Tudo neste nosso instrumento influência na qualidade final do som que ouvimos  ou reproduzimos. Até fatores externos a nossa compreensão.

Mas os fatores que podemos compreender, porque não ter ciência, ahã? sim. Podemos, sem dúvida.

Nesta postagem vou abordar a importância do famoso Breu, a Resina.

O que é Breu (Resina)  ?

Breu é uma resina que geralmente é extraída de plantas (árvores coníferas) que são feitas algumas partes do nosso instrumento, tampo e fundo, por exemplo. Caberia estudos aprofundados, mas fico devendo.

Há também Resinas sintéticas, ou seja, aquelas que tentam imitar o produto natural, estes, talvez, de menor qualidade.

Pra que serve o Breu ?

O Breu serve para aumentar a capacidade de fricção entre a crina e a corda, ou seja, sem o breu haverá pouca fricção das cordas, portanto, pouco som, pois, quanto maior o contato que a crina tiver com a corda, melhor e mais alto o som.

Vejam, não é apenas um simples pedaço que ganhamos de brinde quando ganhamos compramos o instrumento. Além de se tratar de item que deve, obrigatoriamente, acompanhar o instrumento, é o item que devemos dar a devida atenção para ele.

o breu terá ponto fundamental entre a crina e as cordas, pois é por meio dele que o arco terá um desempenho aprimorado. Que coisa louca. Apesar de não parecer, o breu é importante para se tirar um bom som do nosso instrumento.

Questões Importantes:

Talvez no início dos estudos, não sentimos a diferença que o breu faz, ou a sua importância. 

Acredito que se um estudante começar com um ótimo breu, talvez ele não sinta, de fato, como ele é importante. Assim, também, aqueles que começam com breus simples.

Modelos testados por mim:

Primeiro breu que usei foi aqueles que vem de brinde nos instrumentos. Tentei estudar violino por conta das condições financeiras, pois, não tinha como comprar um Cello.

O violino é apoiado no ombro, logo, quando passamos breu no arco, uma poeira, por mais que pouca, é liberada. Quando isso acontecia, meu nariz ficava irritado, prejudicando, além de outros fatores, o estudo do violino, que não foi por muito tempo.

No meu primeiro Cello, foi a mesma situação: usei aqueles breus que vem de brinde. Um Paganini. (acho que ele é sintético)

Como minha emoção era grande, por ter conseguido o Cello, nem reparei (ou reparei) que o breu não me incomodava (irritava). Isso devido a posição que do arco fica. Até nesse fator me ajudou o Cello. Tudo de bom!!!

Pesquisando sorbe arcos, pois queria muito um arco de Pau Brasil, mas por conta do preço não comprei, descobri um estudo e uma alternativa mais barata e que poderia me ajudar. Para saber mais, click aqui.

Um arco de ipê custou R$ 120,00, bom o arco, com crina de animal, talão de ébano. 

Para este arco, pensei em usar um breu novo, mas não sabia de qual. O vendedor me mostrou um monte... Fiquei com o antialergico, por conta do problema do violino (não lembrava que o Cello não me dava irritação).

Pois bem, arco novo, breu novo. Muito bom mesmo. O Arco era melhor e o breu, aparentemente, era bom. Ele quase que não grudava na crina. Mas esse breu não é nada de tão especial para som. Ele é bom mesmo para quem tem alergia e não pode usar outro.

é o breu Jade:

Não senti que seja muito bom esse breu, apesar de, talvez, ser na época um pouco sem experiência para sentir (não que seja muita hoje).

Pena que estraguei esse breu colocando acetona (para dar mais contato, ou seja, mais aderência) estraguei o breu e quase que perdi o arco. Eu não faço isso nunca mais.... Colocar acetona, ou qualquer outra coisa, no breu para dar mais aderência. é juntar uma grana e comprar um breu melhor...

Mas, o fato de ter estragado o breu, me proporcionou a ser presenteado com um breu, Pirastro. Ai sim.

Esse deu deu uma pegada monstro. Ele ajudou a tirar mais som do Cello, muito melhor que os anteriormente citados. Gostei de mais desse breu. Arco de Ipê + Breu Pirastro, foi uma boa combinação.

Com ele pude tirar mais som do Cello. Um Hermano usava toda vez que eu tocava com ele. Ele gostava de mais desse breu. Um bom breu, apesar de deixar o som meio areado ou com ruídos.

É esse breu aqui: 

Mas esse breu, com meu arco de Pau Brasil, não ficou muito bom não. Parecia que o arco era melhor que o breu.

Mas em uma promoção e por um indicação de um Hermano, Rui Maurício, solicitei a amostras grátis de um breu transparente chamado Magic Rosin. 

Esse breu é muito bom. Surpreendente, diria. Ele deixa o som do Cello muito limpo. Sem som de chiado. Deixa o som muito suave. 

Ele não dá muita potência no som, mas deixa o som muito aveludado. Esse breu que uso atualmente. Mais para frente, pretendo fazer mais uns testes e dizer mais sobre este. (esperar a $$$)

Ele é transparente mesmo: Ele é feito por um violoncelista...


Conclusão:

Se tiver condições para comprar um breu melhor, coisa boa é. Acho que um breu deve durar muito tempo, se você não colocar acetona nele. 

O dinheiro investido pelo tempo que ele dura, vai ver que ele vai sair barato.

Uma opção boa é Breu Pirastro Preto + Arco de Ipê com Crina. Por R$ 150,00, talvez, você consegue fazer essa compra e ficar com arco e breu melhor que os de fabrica, ajudando, ademais, a tocabilidade, ao estudo, ao som...

Claro que existe melhor, Arco de Pau Brasil e breus melhores... Mas é uma boa opção.

Não deixe de compartilhar a sua experiência. Ela é importante para nós.

No caso de dúvida, não deixe de perguntar...

Abraços
Daniel

terça-feira, 25 de setembro de 2012

"Ajustes Básicos (p.2) | Técnico de Instrumento"


Prezados,


A postagem desse dia é devido a um contato que tive de um iniciante de violoncelo. Ele veio de outro Estado até Sampa, na Teodoro Sampaio, visando comprar o seu tão e esperado instrumento e posterior fazer uns ajustes e retornar a sua cidade com o instrumento apto a ser tocado.



No caso dele, não tinha o que fazer, estava correndo contra o tempo, pois precisava regular o seu instrumento em Sampa, pois onde ele mora não tem luthier, não tem lojas de música. Queria sair com o instrumento devidamente regulado.


Ele me contou que o luthier que ele levou o seu instrumento deu as seguintes informações: (acredito que era luthier de Guitarra e afins – nada contra)

- para que trocar as cordas ? as cordas são novas!!!!

Resposta nossa: As cordas que vem em violino, viola, violoncelo, são de péssima qualidade. Elas vêm sem a tensão correta, são mais moles, têm o som muito metálico. Não sendo chato, mas as cordas não são legais mesmo. Claro que para um profissional as cordas Mauro Calixto, que são ótimas para mim, podem ser péssimas para ele, (ou não) mas as que vêm no instrumento, na máxima humildade, não são legais.
As cordas que vem em guitarras e violões tendem a ter melhor qualidade, até por conta do próprio mercado que é mais “aquecido”. Existem violões de Nylon que vem de fabrica com cordas muito boas, guitarras também. Mas mesmo assim por elas estarem paradas ou já terem sido muito trocadas, pode estar sem o timbre original. Nada como encordoamento novo.

- para que ajustar as cravelhas ? são novas ?

Resposta nossa: As cravelhas ficam em atrito, madeira com madeira, o que pode grudar de mais (por estar parado há dias) ou estar lisa de mais (por nunca ter sido afinado), ou ficar dura em um lado e lisa em outro. Isso poderá dificultar o músico inicial em sua afinação, tocabalibidade, entre outras coisas. O luthier irá afinar a cravelha (apontar como se aponta um lápis novo), colocando a corda no local correto (talvez fazer um novo furo) e passar um produto para ajudar no atrito entre as madeiras. Legal, isso irá ajudar na hora de afinar. Diferente das tarraxas de violão, guitarra, que são muito boas na precisão da afinação. Lembre-se, ajustar as cravelhas não é luxo, é necessidade, ainda mais para cello. Não que seja impossível, é possível sim, mas se estiver bem regulada ajuda na hora de afinar e segurar a afinação.

- pestana, para que ajustar ? são novas ?

Resposta nossa: Sim. A pestana é pequena, barata, simples, mas pode deixar com uma dor nos dedos, de novo, ainda mais no cello. Melhor que o Luihier faça uma revisão para deixa-la regulada e não estourar seus dedos e as cordas. Junto com a regulação das cravelhas e pestana, as cordas iram passar pelo caminho correto. Em Instrumento de série, esses acabamentos são deixados para o usuário final. É possível sim tocar sem regular. Mas faça uma regulagem assim que possível.

- Cavalete é novo, para que trocar ?

Resposta nossa: O principal condutor do som, das vibrações sonoras, até o tampo do instrumento, é feito pelo Cavalete. Ele é o único e exclusivo responsável (o cara é importante) pela transferência do som ao “corpo do instrumento”.  Um bom cavalete, portanto, irá conduzir o som até ao tampo, fazendo com que este receba mais som. Consequentemente, o som do Cello será mais alto e melhor.

- trocar a alma que nada.... é nova:

Resposta nossa: hum. A alma é o principal condutor das vibrações do tampo para o fundo. Portanto, sem a alma, o timbre do instrumento ficará igual ao de um violão. A alma ainda é a “coluna” do instrumento para que o tampo não quebre por conta da pressão das cordas. A alma, ainda, é responsável pelo peso que as cordas terão no instrumento. Muito importante essa peça estar ajustada.


"Conforme explicado pelo M. Andrade, leitor do blog: A vibração é uma resposta física do corpo a um estímulo. Essa resposta tem sua frequência, mas a frequência em si não é transmitida, e sim a vibração constituída por frequência (altura da nota), amplitude (volume da nota) e fase (mistura de notas, caso o cello ainda esteja vibrando de outra nota quando você o estimular com uma nova!!)"

Talvez não tenha sido má fé dele, o luthier, talvez falta de conhecimento desses instrumentos de arco. Normal, se pedir para um luthier de cello mexer em guitarra, ele vai fazer merda, se não tiver conhecimento técnico. Cada um tem a sua especialidade e se capacitou para aquilo que estudou, aprendeu, ou ganhou de graça do Todo Poderoso.

No caso do nosso amigo, ele teria muita dificuldade para retornar em Sampa para regular o seu instrumento, por isso precisava mesmo fazer rapidamente. E não poderia levar o cello para fazer daqui uns meses.

Cello é um instrumento cheio de “frescuras” quem toca sabe, e merece sim uns ajustes básicos para iniciar os estudos, ou depois de uns meses de estudos. Sim, é caro e temos pouca grana, mas se nos abstiver-nos de algumas coisas, fazermos uns bicos, podemos. Quem sabe sobra uma grana para isso.

Claro, o mais importante é ter o instrumento, mesmo que desregulado, com cordas ruins, com ajustes tortos, com som ruim, feito de compensado ou de qualquer outro elemento da terra. O mais importante é ter o instrumento e ter alegria em tocar ou estudar. A alegria não se compra, não se ajusta. Não se compra o prazer de tocar, de aprender, de querer buscar e melhor. Isso o dinheiro não é capaz de nos fornecer. Por isso, toquemos e estudemos com alegria, seja qual for nosso instrumento, se possível, regulado.

Fiquem à vontade para deixar comentários.
Daniel

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

"Espigão de Fibra de Carbono | Muito Bom"

Prezados,

Atualmente, existem alguns acessórios em fibra de carbono. Trata-de de material leve e resistente. Portanto, pode ser utilizado como espigão do nosso cello.

O meu espigão antigo, que era normal, de aço, quando estava tocando ele ficava vibrando de mais. Fazia um som que me incomodava muito. Era muito chato aquele som.

Até minha esposa tinha notado o bicho gritando dentro do meu cello. Em pesquisas, procurei espigão de madeira, mas encontrei o de fibra de carbono. Opa!!! uma opção.

Apesar do meu Luthier ter apertado para que ele não ficasse solto, mesmo assim tinha dias que ele vibrava de mais. 

Vejam como é:



Para minha felicidade, a sua colocação é muito simples. Basta apenas puxar que ele sai inteiro, e é apenas colocar o outro (tem que tirar as cordas do estandarte).   Isso você mesmo pode fazer. Esporadicamente a alma pode cair com esse processo. Mas isso não é regra. A regra é: quando as cordas forem totalmente desafinadas, a alma deve permanecer no lugar. 

A não ser que você tenha feito algum ajuste delicado com seu Luthier, para alcançar um timbre. Como foi o meu caso: pedi um timbre morno, quente, aveludado no máximo. Ele fez. e ficou. Mas quando as cordas foram soltas. Páaaa. a alma caiu. Mas, reitero, isso não é regra. Já desafinei o cello e a alma não caiu.

Legal, o som saiu... aquele som chato não me incomoda mais. 

Agora o som está até melhor. Acreditem, o som do meu cello melhorou com o espigão de fibra de carbono. 

Tinha sentido isso. Mas como tenho essa loucura de tudo melhora o som... fiquei na minha, mas, um "hermanito" me disse: "nossa! com esse espigão o seu cello melhorou o som". 
'
Sim, está mais gostoso tocar. Parece que o som fica mais tempo dentro do cello. Parece que o espigão de aço suga o som. Sei lá. Uma impressão. 

Do ponto de vista da estética, gostei também.

Ele é algumas gramas mais leve... isso é bom na hora de levar o cello nas costas.. ahã ? sim.

Todo caso, fica ai uma dica e caso escute um som de vibrações de aço, talvez não seja os micro afinadores ( o que pode ser se eles estiverem com folga).

É isso ai. Caso tenham espigão de fibra e tenha sentido essa diferença, ou de aço e sente que ele suga o som, deixem seu comentário.

Daniel